Chegou o inverno, a estação mais gaúcha do ano. No Brasil o verão que é comemorado, mas aqui como não tem praia e nem carnaval que preste, o que mais valoriza nossas paisagens e nosso jeito de ser é o inverno.
Não existe imagem mais fantástica do que um campo coberto pela geada de manhã bem cedo. Os turistas amam e fotografam cada gota de sereno congelada. Quem mora aqui e precisa encarar o conhecido “frio de renguear cusco” pra ir trabalhar não acha assim tão lindo, mas só de saber que os outros têm inveja já faz valer à pena o sacrifício.
Mas uma boa xícara de chocolate quente aquece o corpo. De quem está numa pousada luxuosa na serra, é claro, a gente se vira mesmo com o café requentado que passou na noite anterior pra poder ficar mais tempo na cama.
Um bom banho quente também resolve. Menos pra gente que tem em casa uma duchinha que só funciona em duas temperaturas, pelar porco ou morrer congelado, mas a gente se esquenta. Às vezes um pingo de água gelada cai do forro de PVC suado e acerta a gente nas costas, congela o corpo todo de novo, mas se a gente foge rápido do banheiro isso quase nunca acontece.
Mas nada melhor do que “fundi” na frente da lareira. Deve ser, aparece em todos os comerciais. Mas pinhão no fogão à lenha também é bom. As pilhas de madeira viram criadores de aranhas e ratos, a casa fica preta de fuligem, mas tem todo o resto do ano pra limpar isso.
Tá, inverno de pobre é uma droga.
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