Coitada da Geneci,era mesmo uma
criatura sem sorte. Mas daquela vez ela tinha certeza que ia ser diferente, ele
realmente fazia ela se sentir uma pessoa especial.
Eles já se conheciam há alguns
anos, mas ele nunca tinha olhado pra ela. Nem mesmo quando esbarravam no
corredor da padaria. Uma vez até ela teve a impressão de que ele fingiu não a
ver pra se enfiar na sua frente na fila. Ela até que entendia isso, afinal ele
era uma pessoa importante, era dono de uma fabriqueta, e ela era só uma
diarista.
Mas um dia a história dos dois
tomou outro rumo. Tudo começou com um aceno e um sorriso de longe. Geneci até
olhou em volta pra ver se tinha alguém atrás dela, mas não! Aquele sorriso era
para ela.
No dia seguinte a surpresa foi
ainda maior. Voltava de mais um dia de empreguete quando o viu sozinho do outro
lado da rua. Ele vinha em sua direção de sorriso aberto e braço estendido,
quase sem perceber ela também lhe deu a mão. A conversa dos dois durou um longo
tempo, ele parecia realmente interessado em saber como andava a vida dela, como
estava a sua família e o que ela e os amigos faziam para se divertir.
Os dois passaram a se ver quase
que diariamente. Todos os finais de semana ele a convidava para festas e
jantares. Fez promessas de mudar a vida da diarista radicalmente, e ela
acreditava nele.
Depois de alguns meses finalmente
chegou o grande dia. Geneci entregou a ele seu voto. Ele desapareceu por quatro
anos, e quando se aproximava outra eleição novamente ele surgiu na sua porta.
Aquele mesmo sorriso aberto e uma sacola econômica na mão.
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