sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

E esse papo de Papa?


Elisaldo ficou horrorizado quando recebeu a notícia da renúncia do Papa Bento XVI. A palavra renúncia por si só já o apavorava e fazia tudo parecer ainda mais trágico. Ficou até um pouco decepcionado quando descobriu que isso era só um pedido de demissão. Mas se usaram uma palavra tão feia a coisa devia ser séria.

Ficou realmente assustado quando tentou imaginar o mundo sem um Papa. O motivo do susto era não lembrar o que o Papa fazia. Se todo mundo achava ele tão importante e Elisaldo não sabia o porquê, isso fazia dele um tanto desinformado, e isso não é uma coisa que alguém goste de admitir. Então fez o que sabia que devia ser feito, concordou com o que a maioria pensa e imaginou um cenário trágico para o mundo despapado.

Não podia ficar apenas observando a queda da nossa civilização sem tomar uma atitude, decidiu assumir ele mesmo o cargo até que a igreja se reorganizasse. E seu primeiro grande desafio como pontífice era descobrir qual sua função.

A primeira coisa que lhe veio à mente foi que ele deveria comandar toda a igreja e seus fiéis espalhados pelo mundo. Mas aí lembrou de que o Papa não faz as leis da igreja, elas foram escritas há muito tempo por alguém que se assegurou de criá-las de maneira que qualquer um que tentasse mudá-las fosse enviado direto pro inferno. Decidiu deixar a igreja como estava por enquanto, o novo eleito que se arriscasse a queimar no fogo eterno. Até lá Elisaldo manteria a ordem combatendo o pecado do mundo. Pensou nas aulas de geografia e lembrou que o mundo é um lugar bem grande, deve ter um bom bocado de pecados pra combater.

Era coisa demais pra um homem só, mesmo sendo um Papa. Por fim, decidiu ele também renunciar. Seria muito mais fácil se cada um combatesse seus próprios pecados e de alma limpa procurasse uma igreja para fazer parte de algo maior. Maior do que uma igreja que precisa ficar ditando regras pras pessoas se afastarem de coisas que lhes fazem mal e sobrecarregando velhinhos com a responsabilidade pelos nossos erros.